2.8.07

Vodca, licor de pêssego, suco de laranja, groselha...

Minha mão está bem gelada, como costuma ser. Você não se importa e eu deslizo ela pela sua nuca, desço pelas costas, te causando um arrepio. Mas é bom, você reage como quem pede mais, e sigo com minha mão navegando pelo seu corpo enquanto ela não aquece como deveria. Nossos lábios estão grudados e em movimento como se nada mais houvesse além de nossas bocas. Seu gosto lembra como a noite começou e a areia, que nem sei como foi parar lá, deixa o beijo crocante e aguça os sentidos. Também me aguça o toque áspero da sua barba por fazer arranhando minha bochecha. Coloco a mão no seu rosto para sentir e você ri porque eu continuo gelada. Sua mão é quente e tenta aquecer a minha, enquanto a outra faz o mesmo caminho que fiz antes pela sua pele e tenta chegar até um pouco mais longe. O finalzinho das ondas bate em nossas pernas e já nem sei onde terminam as minhas e começam as suas. A lua ilumina o mar, o ar e a água fundem-se numa imagem só. Eu tento me desvencilhar, eu finjo me desvencilhar, mas já não posso mais. Eu seguro com força nos seus cabelos sujos e molhados, como se quisesse me conter. Eles não podem nos ver, eles não podem nos ouvir... O coração dispara e solto um ultimo suspiro. O seu também bate com força, como sinto ao deitar a minha cabeça no teu peito. Uma paz nos invade e o cérebro parece que fica vazio. Não é hora de pensar, é hora de sentir. Toco devagar na sua coxa enquanto você me faz cafuné, embaraçando todo meu cabelo. Estamos sós, apenas o mar e a lua sabem como foi. Vontade de ficar assim para sempre, não falar nada, esperar o amanhecer. Para quem esperou tanto, aguardar para ver o dia nascer é apenas um detalhe.

Um comentário:

Anônimo disse...

Adorei o texto ! Adoro a bebida do titulo...