15.9.06

Mote: Ressaca - Cap. 1

Era o fim de um dia lindo. Sentado na areia, sentido a brisa do mar, assistindo ao por do sol refletir na água. Estava numa paz, era tudo muito bom, meu corpo agradecia por sentir tudo aquilo. Joguei minhas costas para trás e deitei, queria olhar o céu. Mas o que eu vejo neste momento é ela, parada bem atrás de mim. O cabelo esvoaçante, o corpo bronzeado sendo iluminado por aquela luz laranja... Ela estranhou o fato de eu simplesmente ficar olhando, sem dizer nada.

_Pensei que iria te assustar.

_Magina... Estou tão relax que nada me assusta. Tensão zero._ Como ela poderia achar que justamente sua presença me assustaria?

Fazia uma semana que estávamos naquela praia. Era um pouco afastada, o que fazia dela tranquila, mas tinha um certo conforto. Eletricidade, mercadinho, televisão, essas coisas. Até alguém levou um laptop, para não nos sentirmos isolados do mundo. Mas era como se fosse. O Rodrigo arranjou de alugar uma casa e chamou um pessoal. Cada uma dessas pessoas chamou outras, o aluguel foi dividido entre todas e fomos pra lá. Esse era o ambiente em que eu me encontrava há uma semana. Entre pessoas conhecidas e desconhecidas, uma certa liberdade, um nada para fazer muito bem preenchido. A encontrei lá, naquela bagunça organizada. Não tinha entendido bem de onde tinha surgido. Era amiga de uma prima da vizinha de uma amiga do inglês do Rodrigo. Algo complexo. Alguém que eu não conheceria nunca se não fosse aquela teoria de que estamos no máximo há 6 graus de separação de qualquer pessoa no mundo. Talvez ela estivesse tão longe de mim quanto a Angelina Jolie, mas, naquele fim de semana, dividimos a mesma casa.

Eu cheguei no domingo passado logo cedo, depois da madrugada toda na estrada. Me joguei no primeiro sofá que vi pela frente. Eu melado de suor, o sofá sujo de areia. O cansaço era tanto que dormi. Acordei umas duas da tarde, um sol insuportável batendo no meu rosto e alguém contra a luz, que mais parecia um vulto devido a sombra e ao fato de eu ter acabado de acordar.

_Bom dia, dorminhoco! Olha que horas são!

Cocei os olhos, me espreguicei, sentei, limpei a baba do rosto, cocei os olhos de novo e me virei para o vulto que tinha falado comigo. Parecia que acordei e continuava sonhando. Ela se sentou do meu lado, me olhou de cima a baixo, riu e estendeu a mão.

_Prazer. Beatriz.

_Olá. Marcelo.

E então o acaso nos apresentou.

...

2 comentários:

Anônimo disse...

bonito isso de "então o acaso nos apresentou". mas na verdade foi ela que se apresentou.
mas tem alguns erros.
o nome dela na verdade devia ser Mila e eles deviam estar gravando o cd.

Anônimo disse...

e não tem continuação?
termina depois da foto e do encontro no ponto de onibus?