26.6.07

Espera por algo
Não sabe se quer
Procura por alguém
Não sabe quem é
Segue um caminho
Não sabe pra onde
Aguarda uma chance
Não sabe de quem
Tem frio na barriga
Não sabe por que
Pensa mais que devia
Não sabe pra quê
Quer a felicidade
Não sabe quem tem

eu preciso sentir pra escrever. mas tem épocas q sinto tanto, que não sei por onde começar.
*ainda na melancolia de aniversário*
e comentem, por favor rs :-P

12.6.07

Padaria do Amor

"Até quem me vê lendo jornal na fila do pão sabe que eu te encontrei..."

Eu estou melancólica, vou para a terapia, saio de lá melancólica, mesmo que não estivesse assim antes. Estamos numa segunda-feira, dia 11 de junho, e eu não abri a alma, só ouvia os problemas da vida alheia e pensava muito na minha. Mas eu devo sair de lá e ir comprar pão com minha mãe como se não houvesse amanhã. É um lugar arrumado, estabelecimento tradicional, tudo funcionando dentro dos padrões de qualidade. Mas não tem o cigarro da minha mãe. Ninguém merece ter que ficar indo atrás de lugar pra comprar cigarro, mas fazer o que?
Ladeira abaixo, mais uma padaria. Também é tradicional, lembro de que existe desde sempre, mas tem um estilo que me diz: "padaria de bebum". Poucas coisas feitas com farinha e etc, mas um balcão com algumas cadeiras onde homens bebem cerveja desde a hora que o lugar abre até quando fecha. Eu tenho aqui na minha cabeça uma lista de padarias que conheço e dou essa denominação, muitas vezes talvez injusta, mas é a impressão que me passam. Pois vamos lá comprar cigarro na padaria de bebum, o que parece muito adequado.
Conforme andamos do carro ao local, verificamos uma movimentação diferente. Bastante gente e metade da padaria decorada com bexigas vermelhas em formato de coração. Alguns homens parados na porta. Alguns casais em mesinhas lá dentro. A gente nem pode entrar pela porta certa, exclusiva para o evento. Em cada mesinha, o nome de um casal. Ana e Leo. Márcia e Pedro. Minha mãe compra o cigarro enquanto eu espicho o olho e tento entender o que acontece. Silvia e Lúcio. Júlia e André. Tem casais bem melosos em suas mesinhas, com garotas virando o rosto enquanto falam e garotos com olhar vidrado. Outros conversam normalmente, apesar da tentativa de criar um clima. Enquanto os homens sem companhia ficam lá fora, as mulheres se servem num pequeno buffet.
Não tinha mais nada escrito lá além dos nomes nas mesas. Não tinha ninguém comandando o encontro. Ficamos pensando no que seria, discutindo teorias. Eu acho que parecia uma reunião de agência de encontros, com os nomes nas mesas para os casais formados através do cruzamento de dados do computador finalmente se conhecerem. Podia ser outra coisa que não imagino. Mas em plena segunda feira, véspera do dia dos namorados, uma padaria vulgar tornou-se um lugar repleto de corações vermelhos.

9.6.07

If you're so funny
Then why are you on your own tonight?
And if you're so clever
Then why are you on your own tonight?
If you're so very entertaining
Then why are you on your own tonight?
If you're so very good-looking
Why do you sleep alone tonight?
I know ...
'Cause tonight is just like any other night
That's why you're on your own tonight
With your triumphs and your charms
While they're in each other's arms...

I know it's over - The Smiths
Em homenagem a esta terça-feira (hoje ainda é sábado, mas...)
Eu me repito postando trecho dos Smiths, não?
Posto um cover dela feito pelo Jeff Buckley, de brinde, do cd novo dele (aqueles cds típicos de desenterrar arquivo de quem morreu). Clique aqui e aproveite.

3.6.07

Sobre homens e pássaros

Há uma prática comum de discussão usando metáforas. Você usa uma metáfora pra explicar seus argumentos e logo a conversa não é mais sobre o que era antes, e sim sobre a metáfora. Vira uma discussão tensa sobre animais, cores, frutas e outras formas lúdicas que nem sempre guardam alguma relação com o assunto inicial. Menos ainda quando a conversa metafórica começa impulsionada por um ditado. É hora de um grande exercício de imaginação. O caso é mais grave ainda quando tudo se desenvolve sozinho na sua cabeça, sem a necessidade de usar um ditado-metáfora para distorcer o assunto.
Então me encontrei nessa situação dia desses, pensando que vale mais um pássaro na mão do que dois, ou três, ou quantos forem, voando. Acontece que eu não sei como pegar um pássaro na mão, nunca fiz isso antes. Fico me perguntando se, no que eu me movimentar para pegá-lo, ele pode fugir. Ou, se eu perder tempo tentando pegar um pássaro que quer ficar solto, outro que pousaria no meu ombro pode ir embora também.
Não tem muitos deles aqui por perto. A maioria passa, eu observo e só. Alguns são recorrentes e observo com mais atenção, penso que podem pousar por perto, alguns até piam um pouquinho, mas logo vão. Alguns demoram mais tempo à minha volta... Penso que terei na mão, mas depois desaparecem. Tem pássaro que circula sempre, pia bastante para chamar a atenção, mas está voando longe, não tem como alcançar. Tem pássaro que voa alto e cantando, nem me vê. Tem aquele que está mais perto, mas não sei como pegar. Ou se eu quero pegar.
Olho para todos, penduro um bebedourinho na janela e espero. Quem sabe logo chega um, voando, claro.