30.4.07

Campanha de Prestobarba

Um rapaz entra no ônibus a procura de sua poltrona e encontra uma bela mulher ao lado do lugar onde ocuparia. Ele se interessa e a passa a mão no rosto, sente áspero e pensa "Ops! Uma garota bonita e eu aqui, com a barba por fazer". Então se dirige ao banheiro do ônibus e faz sua barba com o aparelho Gillete Prestobarba UltraMasterPlus, cuja primeira lâmina faz tchan, a segunda faz tchun e - tchan, tchan, tchan, tchan - acabou o charme do cara, com aquela barba por fazer displicente.
Sim, eu sei que o objetivo de um comercial de lâminas de barbear é vender lâminas de barbear, que são úteis para rapazes que não usam barba. Portanto, a campanha deve incentivá-los a não usar barba e retirá-la com seu maravilhoso produto que permite ser usado nos lugares mais inusitados, como banheiros de ônibus (me imagino depilando a perna com gilete num banheiro de ônibus - como seria trágico, talvez se não fosse cômico). Mas eu, como mulher, penso o quão idiota foi o rapaz do comercial em retirar a barba para agradar a moça. O comercial termina com ele dormindo - quase babando? - caído no ombro da garota, que o olha sorrindo. Se fosse apenas para garantir que seu rosto cairia macio sobre o ombro da companheira de trajeto, tudo bem. No entanto, se ele pretendia atrai-la, se ela pensasse como eu, não daria certo.
Isso me lembra um papo no msn com um garoto, até que resolvemos ligar a webcam. A primeira frase dele: "Me desculpe a barba por fazer". Como? Devia ter pedido desculpa depois, pela barba feita no dia em que saímos. Gosto do visual desleixado, da mistura entre homem e menino quando o rapaz ainda parece novinho, do acréscimo sensorial que se tem ao toque, da personalidade que confere, fazendo um garoto comum virar um garoto interessante.
Vendo esse comercial, penso como engraçado como um certo gosto é tomado como padrão, por mais que muita gente não concorde. Mulheres alisam os cabelos e homens fazem a barba quando vão a algum evento. Este é o básico. Diferente disso, só se o personagem ou sua personalidade pede. Todo mundo fala sobre alisar os cabelos quando discursa sobre a "ditadura da beleza", mas nunca sobre a falta de barba dos homens. Que também sofrem, com cortes e alergias, não?
Acho que sou contra este comercial de Prestobarba. Mas a Gillete não iria a falência se dependesse de mim. Afinal, ainda não me consta que algum homem goste de pernas peludas. Só não encararia banheiro de ônibus por conta disso.

http://www.ativesuaatracao.com.br/pages/film

Filme da Campanha (tem até um concurso "mande um video fazendo a barba num lugar inusitado" hehe)

27.4.07

Na rua, no ônibus, no trabalho
Eu troco olhares
Olhares me tocam

Eu procuro por estes olhares
Espero mais destes olhares
Mas continuam só olhares

Poderiam virar amizade
Poderiam viram amor
Até mesmo uma relação carnal

A frieza da cidade
Meus fones de ouvido
Este mundo corrido

Possíveis relacionamentos
De minha vida suprimidos
Apenas olhares

Tudo segue desse jeito frustrante
O que poderia ser interessante
É apenas uma angústia no meu peito

Não poder desfrutar um sentimento
Guardar dentro de mim cada momento
Me segurar e não alimentar mais nada

Continuo nessa sucessão de desventuras
Meu jeito de ser não permite loucuras
Mas as deseja ardentemente

Tudo poderia ser mais fácil
Ter o mundo ao alcance tátil
A vida real não é simples assim

26.4.07

Pede-se não falar com o vigilante

Banco é uma das coisas mais adultas e urbanas que existem. Apesar de também existir em cidades pequenas e ter uma pequena frequência de crianças, geralmente lá a contra gosto. Lembro da primeira vez que fui fazer um depósito, com uns 15 ou 16 anos. Minha mãe ficou meio boba, tipo "minha filha já é gente grande". Desde então, já fui várias vezes fazer depósitos e pagar contas. E então reparo nas pessoas a minha volta, no lado humano daquele lugar feito para e pelo dinheiro. Até já troquei olhares em algo teoricamente frio como fila de banco (pena que ele estava umas 6 pessoas na minha frente na fila... rs)
Esse ano, meio tardiamente, fui abrir minha primeira conta. E, entre caixas, filas, senhas e portas giratórias, dei com uma espécie de tapume no canto, com uma pequena fenda na altura dos olhos e a inscrição "Pede-se não falar com o vigilante". Essa era nova pra mim. Segurança é primordial em um banco. Mas vigilante também é gente, então sorrimos e conversamos enquanto ele nos ajuda a tirar o celular e as chaves e as moedas e o guarda chuva da bolsa para a porta não travar. Não gostei daquele isolamento com uma abertura para enxergar, como se uma pessoa fosse, na verdade, um sensor um uma câmera. Ônibus também pedem para conversar com o motorista somente o necessário, mas ele não fica fechado numa redoma, sorri quando subimos e, já que ele não pode conversar o desnecessário com os passageiros, fica batendo papo com o cobrador (que pode conversar rs). Fiquei pensando naquilo. Talvez o choque de ver um guarda "encarcerado" seja para chamar a atenção, um sorria-você-está-sendo-filmado. Em outras idas no mesmo banco, vi que na verdade os vigilantes não ficam ali o tempo todos e o aviso é tão desrespeitado quanto o dos ônibus. Até entendo tecnicamente a necessidade daquilo, mas que me pareceu estranho, isso não posso negar.

25.4.07

vem que estou esperando
me toca
não imagina como isso me falta
me beija

cada dia que eu fico só
e forte fica minha respiração
quase como eu voltasse ao pó
quero acelerar o coração

mordo meus lábios
esfrego minhas mãos
mais um segundo, outro segundo
não é sim, sim é não

sinta que estou te amando
me cuida
fala que não faltou nada
e não me deixa

24.4.07

estes ultimos textos, de certa forma, significam: eu tenho idéias para postar, mas não faço pq ainda não sentei para escrever, ou o q jah escrevi está muito pessoal e essa mesma ideia precisa ser trabalhada. eu sinto mais do que tenho capacidade de expressar. mas acho q com todo mundo deve ser assim.

Autopsicografia

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

Fernando Pessoa

14.4.07

Shyness is nice
Shyness can stop you
From doing all the things in life you'd like to

So, if there's something you'd like to try
If there's something you'd like to try
Ask me - I won't say no, how could I?

The Smiths - Ask