25.10.06

E estou presa em meus pensamentos
E meus pensamentos são teus

Por mais que eu tente me livrar
E faz anos que tento me livrar
Cada vez mais toma conta de mim

Eu tenho que parar de pensar
É impossível, é quase platônico
É adolescente, é quase infantil

Mas é difícil, não consigo
Penso em teus braços, olhos e lábios
Penso em teus sorrisos, cabelos e voz

Nada mais te tira da minha cabeça
Acredite, sou a maior pessoa
Que quer urgente que eu te esqueça

(achei numa agenda de 2004. acho q esse problema se resolveu bem na minha cabeça, com o tempo)

16.10.06

Balão ao infinito

Tarde de sábado, nada para fazer, casa vazia. Seguindo um impulso consumista, fui ao shopping finalmente comprar a sandália que queria há tempos. Já tinha o dinheiro separado, ido na loja experimentar, só faltava ter o meu número e a cor que queria no mesmo par para que a compra fosse consumada. Cheguei lá e assim foi feito. Dei um tempo pra lá feliz e contente e então me dirigi ao ponto para pegar um transporte que me levasse de volta a minha casa.
Atravessei a rua e olhava displicentemente a minha volta, quando algo me chamou a atenção. Um balão de gás hélio, ou bexiga que voa, que foi como sempre chamei, voando acima do estacionamento. É absolutamente besta, mas fiquei sem tirar os olhos dele. Numa lembrança de infância, pensei em todas as vezes que tive um balão desse em minhas mãos. As vezes soltava algum deles e iam parar no teto, precisando da ajuda de um adulto para que o balão fosse resgatado. As vezes eles estouravam ao chegar no teto, outras vezes alguém, geralmente sem querer, estourava. Na maioria das vezes, eles murchavam até não flutarem mais e se tornavam uma sombra do encanto que tinham.
Lembrei que eu tinha vontade de ver um balão subindo sem destino. Não me arriscava a isso, tentando mantê-lo comigo da forma mais segura possível quando em algum lugar aberto, não queria perdê-lo. Mas semana passada eu vi aquela bexiga no shopping. Não sei se pareci estranha para quem me via, olhando para um ponto no nada. Segui com o olhar enquanto andava, até um poste atravessar a visão e o balão sumir. Ainda fiquei procurando, frustrada com o fim daquele momento.
Já não mais criança, vi aquele brinquedo desaparecer no infinito, subindo não se sabe até onde. O que eu fui fazer lá mesmo?

13.10.06

Reload... Reload... Reload...
Me consome o tédio
Não tem upload nem download
Todos sites sem atualização

Reload... Reload...
O chat está vazio
Aquele blog não tem um novo post
A turma do msn no away

Reload...
Insisto, atualizo, verifico minhas mensagens
Mesmo desconfortável na cadeira
A sala onde estou é quase miragem

Reload again...
Me toma o tédio virtual
Puro reflexo do real
Mas a vida não tem botão de recarregar a página

2.10.06

A vela

Alta, magra, quase como uma modelo, ela fica ali só de enfeite. Pensa que é mais chique e fina do que seus companheiros e olha com desdém para os porta-retratos, os vasinhos e os outros enfeites que ocupam a sala. Apesar de estar praticamente anoréxica, se acha superior às outras velas decorativas, todas baixinhas e gordinhas. Esquece de lembrar que é menos estável que todos os outros, que pode cair ao menor toque.
Mas ela não liga para nada disso. Segue ali, com seu ar blasé, ignorando o que se passa a sua volta. Dizem que as velas costumam ser esquentadinhas, mas esta é de uma frieza sem igual. A única coisa que a deixa de cabeça quente é pensar que, um dia, caso acabe a luz e não seja possível encontrar aquelas velas de segundo escalão que são úteis nessas horas, ela seja acesa e perca todo seu glamour, se transformando numa simples vela operária.
No fundo, por trás de toda essa pose, ela guarda uma certa inveja dos lustres e abajoures. Para a vela, eles que são felizes, sendo muito mais eficientes na hora de iluminar e sem perder a sua beleza. Enquanto a vela um dia morrerá de tanto trabalhar, deformada e esgotada.

(eu publico sempre esse texto em novas tentativas de blog, soh pq ficou bom haha qdo me dão temas e tenho q escrever, aí a coisa flui...)

Poderia...

Você poderia estar comigo. Então eu poderia te fazer cafuné enquanto a gente via TV. Poderia ter pipoca quentinha para comer e você daria na minha boca e eu na tua, nos achando os mais babacas por isso. Você poderia preparar um jantar gostoso para nós dois e eu escolheria a trilha sonora. Nós poderíamos ficar horas conversando e bebendo, falando bobagens e casualidades, rindo da nossa própria vida. Nós poderíamos não aguentar e ver nossos corpos se aproximando a cada palavra, se deixando levar por cada gargalhada, até a mesa se tornar um maldito obstáculo e nos jogarmos no tapete. Você poderia fazer massagem nos meus pés bem devagarinho, e então eu sentiria suas mãos quentes e fortes me amolecendo, cada dedo seu fazendo pressão na minha pele. Então eu poderia beijar sua boca, seu pescoço, seu ombro, seu peito e te abraçar loucamente enquanto você passa a mão no meu cabelo. Eu poderia sentir arrepiar a espinha e então puxar os seus, nos entregando ao balé da vida, com o vigor e o sentimento ds jovens amantes. Depois de um tempo, nós poderíamos sorrir um para o outro de cansaço e nos abraçarmos até que nossos olhos se fechem, para que possamos sonhar enquanto ficarmos de conchinha. E nossas noites poderiam não ser todas assim, poderíamos brigar, dormir separados, ter insônia ou vontade de não fazer nada, mas algumas poucas noites como essa valeriam a pena. Você poderia estar comigo. Eu poderia te conhecer, eu poderia saber quem você é, você poderia existir.